A Ciranda da barbaridade e da maioridade
Crime bárbaro praticado por menor. As páginas policiais, vez por outra, noticiam casos similares. Seguindo a ciranda, discussões sobre a pena de morte, devido à barbaridade do crime, e quanto à maioridade penal, devido ao autor.
Turma do deixa disso. “O problema é muito mais profundo”. Alguém aponta o que fazer. Muitos concordam. Quase todos entendem a urgência do assunto.
Fim da ciranda. Nada se fala ou se faz, até que outro crime do mesmo “calibre” aconteça.
...
O caso da criança arrastada por sete quilômetros presa a um cinto de segurança no carro dos pais, levado por bandidos, é um típico exemplo. Um caso chocante, tanto que só escrevo sobre ele agora, quando já é, em termos, notícia velha. E ainda assim, sem nada a acrescentar sobre tudo o que já se falou e se fala.
Mas, à revelia de minha interferência palpiteira-pessimista, a ciranda segue.
Turma do deixa disso. “O problema é muito mais profundo”. Alguém aponta o que fazer. Muitos concordam. Quase todos entendem a urgência do assunto.
Fim da ciranda. Nada se fala ou se faz, até que outro crime do mesmo “calibre” aconteça.
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O caso da criança arrastada por sete quilômetros presa a um cinto de segurança no carro dos pais, levado por bandidos, é um típico exemplo. Um caso chocante, tanto que só escrevo sobre ele agora, quando já é, em termos, notícia velha. E ainda assim, sem nada a acrescentar sobre tudo o que já se falou e se fala.
Mas, à revelia de minha interferência palpiteira-pessimista, a ciranda segue.
Escrito por Reinaldo Azevedo:
Questões sobre a violência
Leitores me mandam e-mails e comentários sobre as mais variadas questões, querendo saber a minha opinião:
Pena de morte – Sou contra. Em qualquer circunstância, incluindo aquelas previstas na Constituição — traição em tempos de guerra. Não concedo com procedimentos que não acatem recurso no caso de um erro judiciário. A morte é coisa séria demais para ser decidida por humanos. Daí que me oponha também à eutanásia e ao aborto.
Prisão perpétua – Sou favorável. Depende, claro, da fealdade do crime. É uma boa maneira de entregar o criminoso à sua própria consciência.
Descriminação das drogas – Favorável ao princípio, contrário na prática. Explico-me: meu culto ao indivíduo me diz que consome droga quem quer. O homem tem o direito de se matar, embora não deva. A exposição das crianças às drogas — o possível efeito mais deletério da descriminação — já existe hoje. O principal efeito positivo seria desarmar um dos braços mais fortes do crime organizado. Na prática, no entanto, não funcionaria. Os demais países teriam de fazer o mesmo, ou o Brasil viraria um Vale dos Drogados de todo o mundo, e isso destruiria a nossa organização social e, acreditem, a nossa economia. Sim, é quase certo que haveria uma brutal elevação do consumo de substâncias hoje ilícitas, com efeitos dramáticos, incluindo a elevação de despesas e carência de infra-estrutura, no sistema público de saúde.
Consumo de drogas – De novo, acho que é uma questão, em princípio, individual. Mas é claro que quem puxa fumo e cheira pó põe uma arma na mão dos bandidos. O tráfico de drogas é a fonte originária do crime comum.
Maioridade penal aos 16 - Sou contra a existência de um limite. Cada caso deve ser analisado individualmente. Como não chegaremos a isso, que a responsabilidade penal exista a partir dos 16 anos.
Período de internação – O período de internação do menor, hoje, é de, no máximo, três anos. O governo de São Paulo defende, por exemplo, e eu concordo, que seja estendido a 10 a depender do crime.