O amor e a política
Do livro "Multidão", de Antonio Negri e Michael Hardt:
"As pessoas hoje em dia parecem incapazes de entender o amor como um conceito político, mas é precisamente de um conceito de amor que precisamos para apreender o poder constituinte da multidão. O moderno conceito de amor é quase exclusivamente limitado ao casal burguês e ao espaço claustrofóbico da família nuclear. O amor tornou-se uma questão estritamente privada. Precisamos de uma concepção mais generosa e irrestrita de amor. Precisamos de recuperar a concepção pública e política de amor comum às tradições pré-modernas. Tanto o cristianismo quanto o judaísmo, por exemplo, concebem o amor como como um ato político que constrói a multidão. O amor significa precisamente que nossos encontros expansivos e nossas contínuas colaborações nos proporcionam alegria. Não existe na realidade nada necessariamente metafísico no amor cristão e judaico de Deus: tanto o amor de Deus pela humanidade quanto o amor da humanidade por Deus são expressos e encarnados no projeto material político comum da multidão. Precisamos recuperar hoje esse sentido material e político do amor, um amor forte como a morte. Isto não significa que não possamos amar nossa mulher, nossa mãe, nosso filho. Significa apenas que nosso amor não termina aí, que o amor serve de base para nossos projetos políticos em comum e para a construção de uma nova sociedade. Sem esse amor, não somos nada."
"As pessoas hoje em dia parecem incapazes de entender o amor como um conceito político, mas é precisamente de um conceito de amor que precisamos para apreender o poder constituinte da multidão. O moderno conceito de amor é quase exclusivamente limitado ao casal burguês e ao espaço claustrofóbico da família nuclear. O amor tornou-se uma questão estritamente privada. Precisamos de uma concepção mais generosa e irrestrita de amor. Precisamos de recuperar a concepção pública e política de amor comum às tradições pré-modernas. Tanto o cristianismo quanto o judaísmo, por exemplo, concebem o amor como como um ato político que constrói a multidão. O amor significa precisamente que nossos encontros expansivos e nossas contínuas colaborações nos proporcionam alegria. Não existe na realidade nada necessariamente metafísico no amor cristão e judaico de Deus: tanto o amor de Deus pela humanidade quanto o amor da humanidade por Deus são expressos e encarnados no projeto material político comum da multidão. Precisamos recuperar hoje esse sentido material e político do amor, um amor forte como a morte. Isto não significa que não possamos amar nossa mulher, nossa mãe, nosso filho. Significa apenas que nosso amor não termina aí, que o amor serve de base para nossos projetos políticos em comum e para a construção de uma nova sociedade. Sem esse amor, não somos nada."
Vitor, como negriano que sou, não posso de saudá-lo com boas vindas a esse pensador contemporâneo esplendoroso.
Por falar nisto, estou organizando um livro com o Giuseppe Cocco ( o mais negriano dos negrianos no Brasil) em que há um texto do Negri em que ele recupera essa noção de amor (na verdade, essa noção é de cupiditas, de Spinoza). Depois posso lhe passar.
Vc que gosta de pensar as resistências, há um frase sensacional de Negri:
"A resistência é anterior ao poder".
É uma provocação intelectual. Vc não acha?
uh! e que provocaçao!
a ruth tambem ta passando um pouco dos estudos de negri na aula dela
é bem interessante, muito pertinente
é triste ver a esquerda presa a teorias do século 19, como se nada tivesse mudado...
exatamente, negri e hardt partem do marxismo para formular suas teorias
fazem uma revisao dos escritos de marx dadas as mudanças de paradigma daqueles tempos até hj
vc tem todo o direito de discordar
Mas nós não somos nada mesmo.
Mas enfim...
como transformar o amor?