26.6.06


Não sei quem foi que fez. Ainda assim agradeço-o muito. Gosto de chamá-lo de Robin Hood dos muros sociais. Talvez alguns o considerem um criminoso que cometeu um atentado à propriedade privada ou que sujou a cidade, um bem público. Pode ser. Mas me deu um baita presente. Do alto do prédio de luxo posso filosofar antes de começar cada dia. Não sei se os vizinhos já perceberam, mas de vez em quando dou uma passada na minha varanda e... É mesmo! Tava me esquecendo disso...
Uma ótima forma de começar o dia!

Clique na foto para ampliá-la

25.6.06

Henfil do Brasil!!!

Que tal um mergulho no tempo da ditadura? Não, não estou propondo abrirmos mãos das liberdades democráticas e regressarmos à época da censura dos direitos civis. Apenas viajar um pouquinho no tempo e celebrarmos a obra de um brasileiro genial: o cartunista Henfil (nome artístico de Henrique Filho)

A exposição Henfil do Brasil estreou em Vitória dai 5 de junho e fica até 5 de agosto no Espaço Cultural Bandes, localizado na sede do banco: Av. Princesa Isabel nº 54 -Centro de Vitória. Aberto de segunda à sexta de 9 às 18h.

Pra quem tem mais de 30 anos deve ser dispensável falar sobre a Henfil mas para quem como eu não viveu os tempos obscuros do governo militar é preciso apresentá-lo. O cartunista, que é irmão do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, foi um dos símbolos da luta contra a ditadura através de suas publicações que traziam um enorme teor crítico embalado com seus leves traços e seu humor que conseguia ser estranhamente agressivo e sutil ao mesmo tempo. Impossível conter as gargalhadas ao visitar a exposição. Lá estão presentes diversas charges do autor que foram publicadas em grandes jornais brasileiros, sendo que muitas são as originais do humorista. Um universo de risadas e uma bela aula de história.

Grande analista da situação político-social do país, Henfil não brincava em serviço. Certa vez afirmou: "Procuro dar meu recado através do humor. Humor pelo humor é sofisticação, é frescura. E nessa eu não tou: meu negócio é pé na cara. E levo o humorismo a sério". Os personagens clássicos do cartunista certamente fizeram rir uma geração de brasileiros e deu nos nervos de muitos milicos.

Hemofílico como seu irmão, Henfil adiquiriu o vírus da AIDS em transfusão de sangue e faleceu em 1988 às vésperas da abertura democrática do Brasil. Henrique Filho não está mais entre nós porém sua obra continua preservada e, agora, acessível aos capixabas.

Nas palavras do próprio cartunista:
"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; Se não houver flores, valeu a sombra das folhas. Mas mesmo se não houver folhas, valeu a intenção da semente"
Fica a certeza de que sua luta não foi em vão.


Mais informações pelo telefone 3331-4444


Discurso do velho coronel caquético

23.6.06

Propaganda da Aracruz Celulose gera polêmica

A campanha publicitária lançada pela empresa Aracruz Celulose está dando o que falar. Sob o slogan "Fazendo um bonito papel no mundo inteiro", Pelé, Daiane dos Santos, Seu Jorge, Robert Scheidt, Marcos Pontes, Bernardinho e Popó, personalidades brasileiras que conseguiram sucesso internacional mostram um pouco de suas habilidades com a bola. Clima de Copa do Mundo. O comercial está sendo exibido em intervalos dos jogos da competição.

A primeira medida de contrária foi uma decisão inédita de um juíza gaúcha de proibir as propagandas apenas positiva do plantio de eucalipto, pinus e acácias. A ação civil pública determina que o governo do Rio Grande do Sul suspendesse todas as peças publicitárias relacionadas com o tema num prazo de 48h após a intimação. Além disso, o governo gaúcho deve viabilizar a realização de contra-propaganda.

Os indígenas, quilombolas e pequenos agricultores, grande prejudicados pelo plantio de eucalipto em larga escala e pelas atitudes adotadas pela empresa enviaram uma nota de repúdio aos participantes da propaganda, à agência criadora da peça publicitária (W/Brasil) e ao ministro da Cultura Gilberto Gil, que cedeu os direitos de sua música "Balé de Berlim" para ser a trilha sonora da campanha. Isso não foi nada bem visto dentro do Partido Verde, ao qual Gil é filiado. O deputado federal Edson Duarte (PV-BA) publicou uma nota destinada ao ministro.

E a campanha anti-eucalipto não pára por aí. Recentemente, a Via Campesina lançou uma cartilha intitulada "O Latifúndio dos Eucaliptos" alertando sobre os males do plantio dessa monocultura. Para baixar a cartilha clique aqui

O Jornal Brasil de Fato também fez uma série especial de reportagens sobre o deserto verde que ocupa parte de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Sul.

21.6.06

Hino Nacional privatizado

Em tempos de Copa do Mundo em que o esporte vira mercadoria e os jogadores, verdadeiros outdoores ambulantes, daqui a pouco nossos craques colocarão a mão sobre o peito esquerdo e cantarão numa só voz:

Num posto da Ipiranga, às margens plácidas,
De um Volvo heróico Brahma retumbante
Skol da liberdade em Rider fúlgido
Brilhou no Shell da pátria nesse instante
Se o Knorr, dessa igualdade
Conseguimos conquistar com carro Ford
Em teu Seiko, ó liberdade
Desafia nosso peito a Microsoft
Ó Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
Amil de um sonho intenso, um rádio Philips
De amor e Lufthansa terra desce
Intel formoso céu risonho Olympicus
A imagem do Bradesco resplandece
Gillete pela própria natureza
És belo Escort impávido colosso
E o teu futuro espelha essa Grendene
Cerpa gelada !
Entre outras mil és Suvinil, Compaq amada
Do Philco deste Sollo és mãe Doril


A versão com os logotipos dos patrocinadores pode ser vista aqui

19.6.06

Lição aos jornalistas, publicitários e leitores

Primeiro assita ao vídeo:



Esse comercial foi desenvolvido em 1987 pela dupla Washington Olivetto e Nizan Guanaes.

Para os jornalistas remete a uma reflexão acerca de como a verdade pode ser manipulada de acordo com a mensagem que se quer transmitir ("É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade"), e por conseguinte, do tamanho da responsabilidade que um jornalista carrega nas mãos e da seriedade com que esse trabalho deve ser realizado.
Para os publicitários é um grande exemplo de como fazer propaganda inteligente, reflexiva e não-apelativa. Além boas sacadas tipo: "O jornal que mais se compra. E o que nunca se vende"
Ao público consumidor de notícias fica a mensagem de alerta sobre o falso mito da verdade jornalística ("é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe")


Dica: site sobre publicidade: http://www.brainstorm9.com.br/

16.6.06

Proteção Ambiental em Vila Velha

Vila Velha terá mais uma Unidade de Conservação. A Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Grande em Ponta da Fruta foi aprovada semana passada, após a assinatura do prefeito do município. A criação da área também foi submetida à apreciação da comunidade do entorno, que a aprovou por unanimidade em consulta pública realizada pela Secretaria de Meio Ambiente de Vila Velha.

O Secretário de Meio Ambiente da cidade, Hugo Cavaca, explica que a área é uma demarcação de espaço para a preservação da biodiversidade e vai implicar numa série de normas para a ocupação do solo na região. Mas por enquanto a área é apenas uma proteção burocrática. “Agora o processo é implementar, instalar uma sede administrativa, estabelecer um plano de manejo, instituir um conselho, isso tudo é um processo que nós estamos iniciando”, lembra o secretário.

Além da APA da Lagoa Grande Vila Velha conta com os Parques Municipais do Morro da Mantegueira, na Glória, e de Jacarenema, na Barra do Jucu. A nova unidade abrange as lagoas de Jacuném, Morada do Sol, Itanhangá e Lagoa Grande, na Grande Ponta da Fruta, que fica entre as praias dos Recifes e da Sereia.

15.6.06

Feira da Terra - Parte dois

A IV Feira da Terra chegou ao fim na semana passada. Durante cinco dias entidades ligadas ao meio ambiente trocaram experiências e apresentaram seu trabalho à comunidade vilavelhense. A prefeitura de Vila Velha, no estande da Secretaria de Meio Ambiente, também participava do evento, além de responder pela organização da Feira.


No Parque da Prainha, em Vila Velha, o local em que aportou Vasco Fernandes Coutinho quando do início da colonização do Estado do Espírito Santo, e em meio a exposições sobre o que se pode fazer em prol do meio ambiente, um tema um tanto vasto, questões mais tangíveis correm o risco de ficar a ver navios.

O Secretário de Meio Ambiente de Vila Velha, Hugo Cavaca, em entrevista ao Grito Sufocado, destaca um pouco das ações do município para tratar dessas questões.


GS: Aqui na Feira da Terra, temos várias exposições que tratam do meio ambiente, muitas delas remetem ao Desenvolvimento Sustentável das Cidades, essa é uma tecla, aliás, que tem sido tocada em vários eventos como esse. Mas o que a Prefeitura de Vila Velha tem feito de concreto em prol desse tão falado Desenvolvimento Sustentável?

HC:Primeiro eu gostaria de destacar que eu não gosto desse termo, porque o que é desenvolvimento sustentável? O desenvolvimento de uma cidade tem que manter o ambiente saudável, isso quer dizer, priorizando as questões ambientais. Sustentar uma cidade somente pelo seu desenvolvimento econômico não é desenvolvimento sustentável.

Mas nós temos planos, nós elaboramos a nossa Agenda 21, que projeta o município daqui a dez anos, e estamos elaborando nosso plano diretor municipal que estabelece normas para a ocupação do solo, de acordo com o Estatuto das Cidades, e ele deve estar pronto até outubro. Essas são formas de se pensar na “sustentabilidade” do município, na verdade a gente tem que definir espaços territorialmente protegidos. Isso é primordial para preservar os recursos naturais existentes.

GS: A educação ambiental é outro mote desse evento, numa conversa anterior o sr. destacou que era o principal objetivo da Feira da Terra. O que, além de eventos como esse, tem sido feito pela prefeitura de Vila Velha?

HC: Temos o Projeto Escola da Terra, que foi o que originou a Feira da Terra. O Escola da Terra é um trabalho em que o professor é o agente da educação ambiental, incutimos esse tema nas disciplinas das escolas municipais. Ganhamos o prêmio Tião Sá em 2003 por esse projeto. E temos também um projeto que estamos desenvolvendo agora que é o Canal Limpo, um projeto que a gente está tentando trabalhar junto com o Plano de Macrodrenagem que está sendo executado em Vila Velha.

O Secretário falou ainda sobre a criação da nova Área de Proteção Ambiental do Município e dos problemas envolvendo os canais poluídos a céu aberto, os populares “valões” que tanto incomodam os moradores de Vila Velha. Leia o resto da entrevista aqui.

14.6.06

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E então veio 1985 e o sonho por liberdade voltou
E por todas as ruas o povo gritava louco por Diretas Já!
Já era hora se fez o tempo, aqueles tempos foram escuros demais
Toda a esperança vinha das ruas e não havia como perder
Mas desta vez fomos logrados por um colégio eleitoral,
transição segura, fria e lenta para os que estavam no poder
E nosso sonho por saúde e educação se foi, largado pra depois
E os militares que esperávamos que um dia iriam pagar continuam no poder.

Então veio 88, foi determinado agora sim poderíamos votar
Mas um ano depois percebemos o quão estávamos enfraquecidos
Corações e mentes agora guiados por uma tela de TV
Nossa vontade já não existia pois agíamos como zumbis
Pagamos caro pela ilusão, o moderninho nos enganou
E enquanto retia nossa poupança, roubava mais que os ladrões
E nosso sonho por um dia sermos iguais se foi, foi deixado pra depois
E os corruptos que esperávamos que um dia iriam pagar, acabavam de se eleger

Quando vieram os anos 90 e o caos e o cinza tomou conte de tudo
Salvadores de pátria agora não iriam mais ajudar
Não há mais culpados nem inocentes, agora todos irão pagar
Mas na guerra sublimada aleijados e analfabetos ainda tentam modificar

......................................

Essa é a letra de uma música do Dead Fish lançada no CD "Sonho Médio", em 1999. Se fosse para atualizar essa música baseado no que aconteceu daquele ano até hoje, o que você acrecentaria?

Alternativas ao Neoliberalismo em debate na Ufes

Começou ontem na Ufes o XI Encontro Nacional de Economia Política. O evento reúne diversos professores, alunos e profissionais, que estarão reunidos até o dia 16 para discutir o tema "Alternativas ao Neoliberalismo na América Latina". Esse encontro acontece no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) da Universidade e necessita de inscrição prévia. A programação completa pode ser conferida aqui.

Por sugestão dos próprios professores da Ufes, ocorrerá paralelamente (de 14 a 16) um seminário da Via Campesina que servirá como espaço de formação política dos militantes capixabas da organização e contará com a participação dos palestrantes como Márcio Pochman, Leda Paulani e Wilson Cano, que participam do Encontro de Economia Política. O tema do seminário é "Experiências e Desafios da Luta Popular no Espírito Santo" e o local de realização, o Centro de Educação Física e Desportos da Ufes. Para mais informações entrar em contato com a Secretaria do MST: 3223-7979

12.6.06

Curioso o fato da mídia ensinuar que o vandalismo da Câmara dos Deputados foi planejado. A carta que seria entregue no Congresso e o tal vídeo encontrado com manifestantes (veja parte deles abaixo) não falam em nenhum momento em depredação. Apenas que eles estudaram por um longo tempo o esquema de segurança do Congresso para realizarem a ocupação (ou invasão se você preferir), o que é óbvio para uma ação arrojada como aquela. Ao que me parece seria uma invasão primeiro pra chamar a atenção quanto à insatisfação em relação ao trabalho da maioria dos políticos do Congresso, depois para terem direito a voz naquele lugar e manifestarem sua posição a respeito da reforma agrária. Ao que me parece, no calor do momento a coisa explodiu e aí veio o quebra-quebra.





Não achei bonito a depredação. Mas também não achei um absurdo. Ainda que o prejuízo do Congresso será pago pelo povo havia motivos mais do que suficientes, acho que os brasileiros deveriam ter feito isso muitos antes, e não um movimento como o MLST(que pouco conheço a respeito), que por bem ou por mal conseguiu tornar-se conhecido a partir desse ato. Se não há bom senso, então provoquemos o medo nos inimigos do povo. Quem sabe assim as coisas não mudam...
As evidências mostram que a ordem burocrática esconde uma intensa desordem social e que a lei pertence a eles e só servirá para deixar as coisas como já estão. Acho que deveríamos acreditar menos nos políticos e mais em nós mesmos, no poder do cidadão dentro da democracia- que na minha opinião não é só de votar e sim de fiscalizar e pressionar.
Brasília, 6 de junho de 2006.

Exmo. Sr.
Aldo Rebelo
Presidente da Câmara Federal
Nesta

Prezado Senhor,


O Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) se dirige ao Senhor com muito respeito pela sua história de luta ao lado do povo brasileiro e pela sua representação de Presidente desta Casa que se convencionou chamar "Casa do Povo". O MLST vem reivindicar esse espaço exercer a Cidadania Popular e, durante o período de duas horas poder dirigir sua mensagem ao povo brasileiro, bem como debater com os deputados e senadores que compõem o Congresso Nacional.

O MLST escolheu aqui na Praça dos Três Poderes, justamente o Poder Legislativo para encerrar sua Jornada nacional de Luta por 1.000 Empresas Comunitárias, por duas razões. A Primeira é apresentar a Nação Brasileira suas propostas de avançar a Reforma Agrária no Brasil, bem como a necessidade de articular a Reforma Agrária e a Reforma Urbana como duas bandeiras de uma mesma lula: A Luta pelo Fim da Exclusão Social.

A segunda é sair da luta tradicional de sempre considerar que reivindicações materiais tenham de se ater apenas aos espaços do Poder Executivo. Elas precisam ocupar também os espaços no Poder Legislativo e Judiciário onde, ao longo da História do Brasil, a elite legislou e julgou em causa própria.

Por isso que estamos aqui afirmando a Cidadania Popular que nada mais é do que o povo organizado exercendo seu livre direito a Democracia Participativa, desempenhando o papel de protagonista direto das transformações econômicas, políticas e sociais.

Este é o conteúdo e a forma desse ato político pacifico, que o MLST desenvolve hoje no Congresso Nacional, sede da Democracia Representativa que hoje atravessa uma crise profunda no Brasil.

Não viemos aqui Senhor Presidente Aldo Rebelo para impor a substituição da Democracia Representativa pela Democracia Participativa. Mas para afirmar de forma democrática e negociada a combinação dessas duas formas de democracia política.

Viemos ao Congresso Nacional para discutir com o Povo e com os Senhores Deputados e Senadores, reivindicar na prática o direito ao espaço democrático de criticar os muitos erros que têm sido cometidos por parlamentares nesta Câmara e Senado.

Precisamos combater a corrupção que foi localizada nesse espaço de poder legislativo e ocupou todos os espaços da mídia no País. Instalaram-se CPIs para cumprir seu papel institucional e julgar politicamente os responsáveis por esse tipo de delito. Achamos que o combate a corrupção deve ir até as últimas conseqüências.

Mas existem também outros tipos de delitos cometidos nessa Casa, que nem são tratados como tal, como foi o caso de setores da direita conservadora (PSDB/PFL e Bancada Ruralista) que forçaram até o limite do possível o adiamento da votação do Orçamento da União, prejudicando o desenvolvimento econômico e social do País e causando profundos prejuízos ao povo brasileiro, sobretudo, no plano da educação, saúde, habitação e reforma agrária.

Durante todo o mês de maio o MLST desenvolveu sua Jornada Nacional de Luta por 1.000 Empresas Comunitárias nos Estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Bahia, com ocupações de terra, marchas, manifestações de rua, inclusive contra o Crime Organizado como aconteceu na Assembléia Legislativa de Pernambuco, contra o principal suspeito de mandante do assassinato do companheiro Nem dos Sem Terra em Itaíba, o deputado estadual Claudiano Martins.

Exercendo a Cidadania Popular os 1.100 militantes do MLST vindo desses 10 Estados onde o Movimento está implantado, para exigir que assuntos importantes da Nação sejam debatidos nesse espaço tradicionalmente chamado de "Casa do Povo". Viemos apresentar nossas propostas para o desenvolvimento do País com as reformas estruturais que o povo brasileiro reivindica de forma cada dia mais intensa como a Reforma Agrária e a Urbana.

Viemos também denunciar os parlamentares da direita (PSDB/PFL e Bancada Ruralista) na gestão dos dois governos FHC que intensificaram uma política de criminalização dos movimentos sociais de luta no campo, perseguição das lideranças populares e proteção aos latifúndios, como a Medida Provisória 232 de que terra ocupada não tem vistoria no prazo de 2 anos e, que no apagar das luzes do último governo FHC virou lei e a instalação da CPI da Terra.

Por último, estamos presente nesta Casa para apresentar um conjunto de propostas que esperamos devam ser transformadas em Lei para melhorar a vida do nosso povo.

Por isso, Sr. Presidente Aldo Rebelo, essa Jornada Nacional de Luta por 1.000 Empresas Comunitárias, propostas pelo MLST e para substituir o latifúndio improdutivo que ainda domina várias regiões do País e para construir o verdadeiro desenvolvimento da Nação. Lutamos para essas áreas improdutivas dominadas por um único senhor, sejam substituídas por empresas modernas geridas por trabalhadoras e trabalhadores com direito a agroindustrialização. Para isso, conclamamos que os Parlamentares comprometidos com o verdadeiro desenvolvimento do Brasil assumam essa proposta de pauta que sugerimos ao Senhor como Presidente desta Casa.

1. Revogação da Lei que proíbe vistorias em terras ocupadas;

2. Votação imediata da PEC Trabalho Escravo, que expropria as propriedades identificadas com trabalho escravo e destina suas terras para Reforma Agrária e pune seus proprietários;

3. Atualização Imediata do Índice de Produtividade;

4. Propriedades com Débito junto a União (INSS, Banco do Brasil, CEF, Receita Federal, DNOCS, entre outros) devem ser desapropriadas e destinadas para fins de Reforma Agrária;

5. Punição para os crimes ambientais praticados pelas grades empresas do agronegócio (celulose, carvoaria, soja, madeireira etc.) e as empresas urbanas poluidoras;

6. Recuperação para Fins da Reforma Agrária das Terras da União griladas pelo agronegócio;

7. Reestatização da Empresa Vale do Rio Doce, que foi privatizada pelo Governo FHC e recentemente teve seu leilão anulado por decisão judicial.

Depois de cumprida essa rápida "visita de surpresa", nós voltamos para nossas terras nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul do País, esperando ter deixado neste Espaço Político de Poder uma contribuição para a modernização para a vida política da nação brasileira.

Como contribuição da cidadania substantiva, esperamos também que a nossa atitude seja compreendida como um grito de alerta de um dos setores mais sofridos do nosso povo de que é necessário avançar na democratização econômico, político e social de nosso País.



Coordenação Nacional do MLST

11.6.06

Provocações

Por Luís Fernando Veríssimo

A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão.

A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso.

Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.

Foram lhe provocando por toda a vida.

Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.

Na cidade, para onde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.

Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.

Estavam lhe provocando.

Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.
Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.

Terra era o que não faltava.

Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.

Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.

Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou.

Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:

- Violência, não!

10.6.06

Livro sobre imprensa escrita capixaba disponível na internet

O Projeto CoCa (Comunicação Capixaba) está disponibilizando em seu site o último dos livros lançado pelos estudantes de jornalismo da Ufes sob orientação do professor José Antônio Martinzzo. Em "Impressões Capixabas", 26 alunos contam um pouco dos 165 anos de jornalismo impresso no Espírito Santo, com destaque para a história dos principais jornais e revistas do estado. O arquivo, que contém muitas fotos das capas dos jornais, tem aproxiamdamente 12mb.

Além desse livro é possível fazer download dos outros três lançados até agora:
- Rádio Club do Espírito Santo (história da Rádio Espírito Santo)
- Balzaquiano (trinta anos do curso de Comunicação Social da Ufes)
- Diário Capixaba (115 anos de Imprensa Oficial no Espírito Santo)

Para baixar os livros clique aqui

9.6.06

Feira da Terra


Hoje é o terceiro dia da IV Feira da Terra, que acontece em Vila Velha, no Parque da Prainha, de sete até 11 de junho. Na Feira há vários estandes de Institutos e empresas que mostram seu trabalho na área ambiental.

Além do meio ambiente a cultura também tem seu espaço na Feira. Bandas marciais, corais e grupos de teatro das escolas do município, apresentam-se durante todos os dias, pela manhã e à tarde, além das atrações musicais do Estado e Nacionais, que estão abertas ao público, bem como a mostra de vídeos ambientais.

Confira a Programação:

Sexta-feira – 09/06

18:00h – Mostra de vídeos ambientais

20:00h – Atração musical – Marcela Lobo

22:00h – Atração musical – Marcelo Ribeiro


Sábado – 10/06

18:00h - Mostra de vídeos ambientais

20:00h - Atração musical – Banda BM 4

22:00h – Atração musical – Guilherme Arantes


Domingo – 11/06

18:00h – Mostra de vídeos ambientais

19:30h – Encerramento – Chorinho Regional do Sr. Chiquinho

6.6.06

Monólogos de uma nação sem rumo

Deputado: Repudio veementemente a depredação do patrimônio público e histórico do país! É uma vergonha, uma afronta ao estado democrático de direito. Manisfestações descabidas e violentas como essas desestabilizam o país e afugentam os investidores que ficam receosos em contribuir com o desenvolvimento nacional.

Povo: ...

Deputado: Não podemos aceitar tamanha balbúrdia por parte dessa corja de baderneiros coaptados por agentes internacionais com conivência do Governo Federal. Conclamo o povo a agir em defesa da soberania nacional!

Povo: ...hmmm... Falô bunitu. Mas, cumpadre.... que que ele disse?

5.6.06

Manifestação ciclonudista em favor das ciclovias em Vitória


Porque a bicicleta deve ser incentivada como meio de trasporte a ser usado em Vitória:
1-É prático. Pode-se ir de um canto ao outro da cidade em pouco tempo e um bocadinho de pedaladas
2- É estratégico, ajuda a desafogar o trânsito que começa a ficar preocupante com o rápido crescimento da cidade
3-É barato, você paga apenas o preço da magrela mais alguma manutenção eventual
4-É saudável, enquanto você se locomove ainda mantém o corpinho sarado
5-É lindo! Você pode sentir o vento fresco e apreciar a paisagem de umas das mais belas capitais do país com mais tranqüilidade que nos automóveis ranzinzas de uma aspirante a metrópole
6-É ecológico! Não polui a nossa cidade, que já recebe tanta sujeira de certas empresas...

Ou seja, você ajuda seu bolso, sua saúde, sua mente e sua cidade. Tá esperando o quê? Eu tô esperando as ciclovias... Lembro bem dos tempos de cursinho em que eu tinha que zigue-zaguear entre os carros em Jardim da Penha.

Eu votei e agora venho cobrar! Estava no projeto de campanha de João Coser:
"5. Desenvolvimento Urbano
5.2.2 Ciclovias
-Implantar na Ilha e na porção continental um sistema de ciclovias que permita ao cidadão de Vitória locomover-se com segurança, usando a bicicleta como lazer, esporte e meio de trasporte para o trabalho, para a escola, para as compras, etc."

E aí prefeito???

  • Site sobre a manifestação ciclonudista

3.6.06

Objetividade na blogosfera

A proliferação dos blogs ressuscita um velho e constante dilema do jornalismo. A objetividade e isenção no tratamento das notícias. Os textos que circulam na blogosfera, em blogs jornalísticos, livres dos ditames dos manuais de redação dos veículos tradicionais, estão mais suscetíveis à fuga da objetividade e a imprimir caráter opinativo em suas linhas.

“O mito da objetividade” já virou um chavão nas escolas de jornalismo. É mito porque é impossível alcançá-la em plenitude, mas nem por isso deixou de ser perseguida. É quase consenso também, que esses mesmos veículos que a evocam subordinam e direcionam as pautas de acordo com o interesse editorial e/ou comercial das empresas.

Mas e os blogs, paralelos a tudo isso, como lidam com esses critérios? E como deveriam agir? Isso foi tema de debate em Nova York semana passada, conta Carlos Castilho, no blog Código Aberto, do Observatório da Imprensa.

“O fato novo foi a polêmica desatada em torno do surgimento dos weblogs, plataforma para a manifestação de opiniões pessoais. Como já são quase quarenta milhões de blogs em todo mundo, teoricamente teríamos igual número de opiniões, ao acesso de um bilhão de internautas em todo mundo. Ou seja uma fantástica cacofonia opinativa.

A maior parte dos quase 30 participantes, em sua maioria jornalistas e blogueiros famosos nos Estados Unidos, concorda que a tendência moderna é no sentido de valorizar a opinião pessoal, como prova a enorme audiência de alguns blogs políticos, cujos autores não escondem suas opções ideológicas ou partidárias.

(...)Jeff Darvis, um
jornalista e blogueiro, defende a transparência como uma forma de "acabar com os segredos da fábrica de salsicha" (trata-se de uma referência à composição de uma salsicha comum, que muitos consideram no mínimo enigmática).”

A polêmica se instalou também no blog Despertando Vozes, nos comentários sobre o post “A Elite da tropa”, uma simples transcrição de trechos do livro homônimo de Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel.
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