30.4.06
28.4.06
Eles merecem...
Como não sei se estarei presente na Internet durante os dias desse feriado que se aproxima, vai aqui a minha homenagem ao Dia do Trabalhador. Uma letra que por si só já fala muita coisa, vale a pena lê-la e entendê-la. =]
A INTERNACIONAL
De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo.
De pé de pé, não mais senhores.
Se nada somos em tal mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!
Senhores, patrões, chefes supremos.
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum.
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito.
Façamos nós com nossas mãos,
Tudo o que a nós nos diz respeito!
O Crime do rico a lei o cobre!
O estado esmaga o oprimido!
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
A opressão não mais sujeitos.
Somos iguais todos os seres!
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!
Abomináveis na grandeza.
Os reis da mina e da fornalha,
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha.
Todo o produto de quem sua,
A corja rica o recolheu!
Queremos que nos restituam.
O povo quer só o que é seu!
Nós fomos de fumo embriagados.
Paz entre nós, guerra aos senhores.
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos trabalhadores!
Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais,
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais!
Pois somos do povo os ativos.
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a terra aos produtivos.
Ó parasita deixa o mundo!
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar.
Se nos faltarem os abutres,
Não deixa o sol te fulgurar.
Bem unidos façamos
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A internacional!
A INTERNACIONAL
De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo.
De pé de pé, não mais senhores.
Se nada somos em tal mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!
Senhores, patrões, chefes supremos.
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum.
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito.
Façamos nós com nossas mãos,
Tudo o que a nós nos diz respeito!
O Crime do rico a lei o cobre!
O estado esmaga o oprimido!
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
A opressão não mais sujeitos.
Somos iguais todos os seres!
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!
Abomináveis na grandeza.
Os reis da mina e da fornalha,
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha.
Todo o produto de quem sua,
A corja rica o recolheu!
Queremos que nos restituam.
O povo quer só o que é seu!
Nós fomos de fumo embriagados.
Paz entre nós, guerra aos senhores.
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos trabalhadores!
Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais,
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais!
Pois somos do povo os ativos.
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a terra aos produtivos.
Ó parasita deixa o mundo!
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar.
Se nos faltarem os abutres,
Não deixa o sol te fulgurar.
Bem unidos façamos
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A internacional!
27.4.06
Qual o papel das CPIs?
Me lembro que há alguns anos um deputado perguntou para o jogador Ronaldo em uma CPI (da Copa, da CBF, não me lembro o nome):
-Porque o Brasil perdeu a Copa?
-Porque a França jogou melhor que o Brasil na final- respondeu ele atônito, meio sem saber o qual a finalidade daquilo
As CPIs, que há muito tempo não serviam pra nada, ganharam finalmente uma utilidade: divertir a família brasileira com seus políticos cínicos e teatrais. As reuniões repletas de perguntas cretinas dos parlamentares e respostas evasivas dos depoentes se transformaram em grandes espetáculos televisionados ao vivo para o país nas recentes apurações sobre mensalões e caixa dois. Em artigo para a Folha de São Paulo, Frei Betto elucida qual deveria ser a função dessas comissões:
"As CPIs precisam recorrer à UTI para uma cirurgia reparadora. Agem como delegacia em inquérito policial. Fulanizam denúncias de corrupção, como se meter a mão em dinheiro escuso decorresse apenas de desvios de caráter. Esquecem que a ocasião faz o ladrão, e não questionam as instituições nem a própria legislação do país, pela qual os parlamentares são responsáveis.
(...)
Não se pode reduzir a ética ao comportamento individual, como se fosse ele o único responsável pela corrupção. Há que levar em conta a teia de relações sociais e conexões institucionais configuradoras de realidade. Não basta identificar o corrupto, é preciso ir às causas da corrupção. Este o papel que distingue uma CPI de um inquérito policial.
(...)
Cabem ao Ministério Público e à polícia investigar, apontar e punir os que comprovadamente infringiram a lei. As CPIs deveriam sobremaneira debruçar-se sobre o desempenho do Congresso e apurar as causas da corrupção, da malversação, da quebra do decoro parlamentar. E essas causas muitas vezes deitam raízes na própria legislação que rege as nossas instituições e que mais parece um queijo suíço, tantos os buracos pelos quais se introduz a ação criminosa. E a legislação tem sua origem no Congresso. Legislar é a função precípua dos que são eleitos parlamentares."
O artigo de Frei Betto, devidamente pirateado, pode ser lido na íntegra aqui.
-Porque o Brasil perdeu a Copa?
-Porque a França jogou melhor que o Brasil na final- respondeu ele atônito, meio sem saber o qual a finalidade daquilo
As CPIs, que há muito tempo não serviam pra nada, ganharam finalmente uma utilidade: divertir a família brasileira com seus políticos cínicos e teatrais. As reuniões repletas de perguntas cretinas dos parlamentares e respostas evasivas dos depoentes se transformaram em grandes espetáculos televisionados ao vivo para o país nas recentes apurações sobre mensalões e caixa dois. Em artigo para a Folha de São Paulo, Frei Betto elucida qual deveria ser a função dessas comissões:
"As CPIs precisam recorrer à UTI para uma cirurgia reparadora. Agem como delegacia em inquérito policial. Fulanizam denúncias de corrupção, como se meter a mão em dinheiro escuso decorresse apenas de desvios de caráter. Esquecem que a ocasião faz o ladrão, e não questionam as instituições nem a própria legislação do país, pela qual os parlamentares são responsáveis.
(...)
Não se pode reduzir a ética ao comportamento individual, como se fosse ele o único responsável pela corrupção. Há que levar em conta a teia de relações sociais e conexões institucionais configuradoras de realidade. Não basta identificar o corrupto, é preciso ir às causas da corrupção. Este o papel que distingue uma CPI de um inquérito policial.
(...)
Cabem ao Ministério Público e à polícia investigar, apontar e punir os que comprovadamente infringiram a lei. As CPIs deveriam sobremaneira debruçar-se sobre o desempenho do Congresso e apurar as causas da corrupção, da malversação, da quebra do decoro parlamentar. E essas causas muitas vezes deitam raízes na própria legislação que rege as nossas instituições e que mais parece um queijo suíço, tantos os buracos pelos quais se introduz a ação criminosa. E a legislação tem sua origem no Congresso. Legislar é a função precípua dos que são eleitos parlamentares."
O artigo de Frei Betto, devidamente pirateado, pode ser lido na íntegra aqui.
24.4.06
Antes e depois da posse
OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS ANTES DA POSSE :
Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar nossos ideais
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa ação.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos econômicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.
DEPOIS DA POSSE:
Basta ler o mesmo texto acima, DE BAIXO PARA CIMA!
----------------------------------------------
texto originalmente retirado do site Banda Podre, que fez esse texto para o PT, mas eu por conta própria resolvi esticá-lo à todos os grupos políticos brasileiros =]
Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar nossos ideais
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa ação.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos econômicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.
DEPOIS DA POSSE:
Basta ler o mesmo texto acima, DE BAIXO PARA CIMA!
----------------------------------------------
texto originalmente retirado do site Banda Podre, que fez esse texto para o PT, mas eu por conta própria resolvi esticá-lo à todos os grupos políticos brasileiros =]
Ibama realiza palestra sobre Monitoramento da Mata Atlântica
O Plano de Monitoramento e Controle da Mata Atlântica brasileira, lançado em março durante a Conferência das Partes (COP 8) em Curitiba, será apresentado à sociedade capixaba na próxima quinta-feira, dia 27, às 15h no auditório da Superintendência do Ibama no Estado.
O projeto é um sistema de vigilância que contará com os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e uma rede de agentes ambientais que vão atuar no combate a atividades irregulares como desmatamento e extração mineral sem licenciamento. O litoral brasileiro será monitorado, do Ceará ao Rio Grande do Sul, além dos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso.
A Mata Atlântica contém a maior biodiversidade de espécies por hectare entre as florestas tropicais do mundo, muitas ainda desconhecidas pela ciência. Estima-se a presença de 10 mil espécies de flora. Jabuticabas, ingás, guabirobas, bacuparis. Orquídeas, bromélias, samambaias, palmeiras, pau-brasil, jacarandá-da-bahia, ipês, palmito e outros. No Brasil, há apenas 7% remanescentes da Mata original.
O Superintendente Substituto do Ibama no Espírito Santo, o biólogo Jacques Passamani, diz que o Instituto espera contar com a colaboração da sociedade a preservação desses remanescentes. “As atividades de fiscalização são imprescindíveis para coibir as irregularidades, mas a educação ambiental não é menos importante. A conduta das pessoas quanto ao manejo dos recursos naturais pode ser decisiva”.
O projeto é um sistema de vigilância que contará com os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e uma rede de agentes ambientais que vão atuar no combate a atividades irregulares como desmatamento e extração mineral sem licenciamento. O litoral brasileiro será monitorado, do Ceará ao Rio Grande do Sul, além dos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso.
A Mata Atlântica contém a maior biodiversidade de espécies por hectare entre as florestas tropicais do mundo, muitas ainda desconhecidas pela ciência. Estima-se a presença de 10 mil espécies de flora. Jabuticabas, ingás, guabirobas, bacuparis. Orquídeas, bromélias, samambaias, palmeiras, pau-brasil, jacarandá-da-bahia, ipês, palmito e outros. No Brasil, há apenas 7% remanescentes da Mata original.
O Superintendente Substituto do Ibama no Espírito Santo, o biólogo Jacques Passamani, diz que o Instituto espera contar com a colaboração da sociedade a preservação desses remanescentes. “As atividades de fiscalização são imprescindíveis para coibir as irregularidades, mas a educação ambiental não é menos importante. A conduta das pessoas quanto ao manejo dos recursos naturais pode ser decisiva”.
23.4.06
O amor e a política
Do livro "Multidão", de Antonio Negri e Michael Hardt:
"As pessoas hoje em dia parecem incapazes de entender o amor como um conceito político, mas é precisamente de um conceito de amor que precisamos para apreender o poder constituinte da multidão. O moderno conceito de amor é quase exclusivamente limitado ao casal burguês e ao espaço claustrofóbico da família nuclear. O amor tornou-se uma questão estritamente privada. Precisamos de uma concepção mais generosa e irrestrita de amor. Precisamos de recuperar a concepção pública e política de amor comum às tradições pré-modernas. Tanto o cristianismo quanto o judaísmo, por exemplo, concebem o amor como como um ato político que constrói a multidão. O amor significa precisamente que nossos encontros expansivos e nossas contínuas colaborações nos proporcionam alegria. Não existe na realidade nada necessariamente metafísico no amor cristão e judaico de Deus: tanto o amor de Deus pela humanidade quanto o amor da humanidade por Deus são expressos e encarnados no projeto material político comum da multidão. Precisamos recuperar hoje esse sentido material e político do amor, um amor forte como a morte. Isto não significa que não possamos amar nossa mulher, nossa mãe, nosso filho. Significa apenas que nosso amor não termina aí, que o amor serve de base para nossos projetos políticos em comum e para a construção de uma nova sociedade. Sem esse amor, não somos nada."
"As pessoas hoje em dia parecem incapazes de entender o amor como um conceito político, mas é precisamente de um conceito de amor que precisamos para apreender o poder constituinte da multidão. O moderno conceito de amor é quase exclusivamente limitado ao casal burguês e ao espaço claustrofóbico da família nuclear. O amor tornou-se uma questão estritamente privada. Precisamos de uma concepção mais generosa e irrestrita de amor. Precisamos de recuperar a concepção pública e política de amor comum às tradições pré-modernas. Tanto o cristianismo quanto o judaísmo, por exemplo, concebem o amor como como um ato político que constrói a multidão. O amor significa precisamente que nossos encontros expansivos e nossas contínuas colaborações nos proporcionam alegria. Não existe na realidade nada necessariamente metafísico no amor cristão e judaico de Deus: tanto o amor de Deus pela humanidade quanto o amor da humanidade por Deus são expressos e encarnados no projeto material político comum da multidão. Precisamos recuperar hoje esse sentido material e político do amor, um amor forte como a morte. Isto não significa que não possamos amar nossa mulher, nossa mãe, nosso filho. Significa apenas que nosso amor não termina aí, que o amor serve de base para nossos projetos políticos em comum e para a construção de uma nova sociedade. Sem esse amor, não somos nada."
21.4.06
MST aposta em articulação popular e diz que eleições não devem ser prioridade
O título, a foto e o texto são da Carta Maior:
Matéria completa aqui
.....................................................................
Ano passado gravei em vídeo um pedaço da fala João Pedro Stedile, líder do MST, no Encontro Nacional dos Esudantes de Comunicação Social. Ele falava da necessidade dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada criarem seus próprios meio de comunicação. Veja aqui
...................................................................
Acho que o caminho é por aí...
"MST paulista encerra encontro estadual em Osasco com aposta em aprofundamento da articulação com demais movimentos sociais em frentes como a Coordenação dos Movimentos Sociais e a Assembléia Popular. Particularmente, avaliam dirigentes, o MST não deve priorizar eleições nem declarar apoios no primeiro turno."
Matéria completa aqui
.....................................................................
Ano passado gravei em vídeo um pedaço da fala João Pedro Stedile, líder do MST, no Encontro Nacional dos Esudantes de Comunicação Social. Ele falava da necessidade dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada criarem seus próprios meio de comunicação. Veja aqui
...................................................................
Acho que o caminho é por aí...
18.4.06
Uma nova proposta de direitos autorais
Você já deve ter reparado esse quadrinho com a escrita "alguns direitos reservados" lá em baixo dos link do blog. O que significa isso?
É o Creative Commons, uma licença diferente do copyright. No CC o autor da obra tem sua identidade preservada mas permite a reprodução com as devidas restrições, escolhidas pelo próprio autor. O projeto tem todo o respaldo legal e, apesar da idéia simples, envolve questões jurídicas que podem ser conferidas no site do projeto.
No Brasil, o Creative Commons é gerenciado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Clicando aqui você pode saber qual o tipo de licença adotado pelo blog Grito Sufocado.
Para se informar mais sobre o tema leia a entrevista com o professor Ronaldo Lemos, coordenador do projeto no país.
Escolas de cidade americana adotam segregação racial
As escolas da capital do Estado de Nebraska, nos Estados Unidos, irão adotar um novo sistema para a distribuição de seus alunos. Numa decisão polêmica, os legisladores de Omaha autorizaram a divisão das escolas públicas da cidade em três distritos: um branco, outro de maioria negra e outro predominantemente latino.
Na cidade natal de Malcom X, 46% dos estudantes são brancos, 31% negros, 20% hispânicos e 3% asiáticos ou índios nativos.
A medida objetiva a contenção dos conflitos raciais e é defendida inclusive por seguimentos de movimentos negros. O único legislador negro de Omaha, Ernie Chambers, por exemplo, é a favor da medida. Ele alega ainda que a separação racial vai favorecer as minorias, que teriam autonomia para gerir os recursos das escolas e promover uma educação de maior qualidade.
Já outro legislador, Pat Burne, contesta a decisão. “Passaremos à História como um dos primeiros Estados em 20 anos a retroceder quanto ao tema das relações raciais”, lamenta. A segregação racial nas escolas públicas foi banida dos EUA em janeiro de 1954.
Já outro legislador, Pat Burne, contesta a decisão. “Passaremos à História como um dos primeiros Estados em 20 anos a retroceder quanto ao tema das relações raciais”, lamenta. A segregação racial nas escolas públicas foi banida dos EUA em janeiro de 1954.
17.4.06
Baseado em fatos reais*
*Qualquer semelhança com histórias político-patidárias brasileiras não é mera coincidência
Eu acreditava num futuro melhor. Não precisaríamos mais depender das esmolas daqueles familiares. Odiava a maioria deles. Eram poderosos e só queriam nos afundar mais ainda, papai vivia criticando-os, fala pra não me misturar a eles. Outros, mais modestos, ajudavam como podiam. Até gostava deles mas infelizmente não tinham forças para resolver o problema pela raiz. Alguns, menores ainda, eram loucos que só apareciam nos jantares de família. Bradavam coisas que apesar de desagradáveis a todos eram increvelmente verdadeiras. Porém nunca conseguiram uma amizade sequer. Eram aturados por questão de educação.
Ainda tinham os pequenos sanguessugas que viviam de esmolas. E os bastava. Não queriam independência, não queriam emprego, só viver com o pouco que lhes ofereciam.
Pra mim só meu pai poderia nos tirar daquela crise. E ele era bom. Quando desempregado me ensinava tudo. Homem sério e ético, sempre respondia meus questionamentos com convicção e sabedoria. E ainda esclarecia as questões que eu jamais pensaria em perguntar. Me dava tudo que o dinheiro não podia comprar. Mas ainda passávamos muita necessidade.
Até que veio a boa-nova! Papai foi finalmente reconhecido e ganhou um empregão!!! Os poderosos agora o invejavam: "Como pode? Porque ele e não eu?" Papai me explicara que para ocupar aquele lugar de destaque teria que fazer algumas concessões, mas que era por uma boa causa.
(clique aqui para saber o fim dessa história...)
Eu acreditava num futuro melhor. Não precisaríamos mais depender das esmolas daqueles familiares. Odiava a maioria deles. Eram poderosos e só queriam nos afundar mais ainda, papai vivia criticando-os, fala pra não me misturar a eles. Outros, mais modestos, ajudavam como podiam. Até gostava deles mas infelizmente não tinham forças para resolver o problema pela raiz. Alguns, menores ainda, eram loucos que só apareciam nos jantares de família. Bradavam coisas que apesar de desagradáveis a todos eram increvelmente verdadeiras. Porém nunca conseguiram uma amizade sequer. Eram aturados por questão de educação.
Ainda tinham os pequenos sanguessugas que viviam de esmolas. E os bastava. Não queriam independência, não queriam emprego, só viver com o pouco que lhes ofereciam.
Pra mim só meu pai poderia nos tirar daquela crise. E ele era bom. Quando desempregado me ensinava tudo. Homem sério e ético, sempre respondia meus questionamentos com convicção e sabedoria. E ainda esclarecia as questões que eu jamais pensaria em perguntar. Me dava tudo que o dinheiro não podia comprar. Mas ainda passávamos muita necessidade.
Até que veio a boa-nova! Papai foi finalmente reconhecido e ganhou um empregão!!! Os poderosos agora o invejavam: "Como pode? Porque ele e não eu?" Papai me explicara que para ocupar aquele lugar de destaque teria que fazer algumas concessões, mas que era por uma boa causa.
(clique aqui para saber o fim dessa história...)
11.4.06
Orgulho de ser alvinegro!
BOTAFOGUENSES CALAM A REDE GLOBO - esse título por si só já me faz ficar feliz de ser torcedor do Botafogo.
leiam a notícia na íntegra aqui no link (notícia essa que está hospedada no site Mídia Independente), e vejam porque eu tenho orgulho de ser alvinegro!! hahahaha
Essa Rede Globo filha da puta (sim, hoje não estou com saco de explicitar minhas idéias. Estou apenas expondo meus sentimentos de forma bem crua... hehe) tem que começar a sofrer manifestações anti-"ela" pra aprender que não é bem quista a sua forma de manipulação da mente do brasileiro-médio.
PS: eu não gosto do Brizola, mas que eu posso fazer se tinham manifestantes brizolistas lá também né? Só que fique claro que eu o odeio também, tanto quanto a Globo.
PS2: Ih! Agora reparei que eu num posso falar que tenho orgulho de ser alvinegro, de torcer pra um time de cores preto e branco. Com essa mania ridícula do "políticamente-correto" que acomete o mundo hoje, e com várias pessoas me acusando de ser racista, peço desculpas, e acho que vou passar a me manifestar não mais dizendo que o "Rio é preto e branco", e sim que o "Rio é afro-brasileiro e caucasiano"... assim espero me livrar de futuros processos. Hehehe ;)
leiam a notícia na íntegra aqui no link (notícia essa que está hospedada no site Mídia Independente), e vejam porque eu tenho orgulho de ser alvinegro!! hahahaha
Essa Rede Globo filha da puta (sim, hoje não estou com saco de explicitar minhas idéias. Estou apenas expondo meus sentimentos de forma bem crua... hehe) tem que começar a sofrer manifestações anti-"ela" pra aprender que não é bem quista a sua forma de manipulação da mente do brasileiro-médio.
PS: eu não gosto do Brizola, mas que eu posso fazer se tinham manifestantes brizolistas lá também né? Só que fique claro que eu o odeio também, tanto quanto a Globo.
PS2: Ih! Agora reparei que eu num posso falar que tenho orgulho de ser alvinegro, de torcer pra um time de cores preto e branco. Com essa mania ridícula do "políticamente-correto" que acomete o mundo hoje, e com várias pessoas me acusando de ser racista, peço desculpas, e acho que vou passar a me manifestar não mais dizendo que o "Rio é preto e branco", e sim que o "Rio é afro-brasileiro e caucasiano"... assim espero me livrar de futuros processos. Hehehe ;)
10.4.06
Uma nova proposta de cotas
Bom, a maioria das pessoas reluta em aceitar as cotas para negros.
Na verdade as propostas das cotas são duas: promover a inclusão social e racial na universidade. Por isso a reserva para negros e índios.
Diante de tamanha resistência, algumas coerentes e outras risíveis e preconceituosas venho propor outro sistema. Cotas dentro das cotas. Bem, partindo do principio que 70% dos pobres são negros, nada mais justo do que 70% dos comtemplados pelas cotas sejam negros. Então, com 50% de cotas para estudantes carentes, teríamos no mínimo 35% de afro-descendentes. Mais 1% pros índigenas.
Na verdade não muda quase nada. O resultado final seria praticamente o mesmo da proposta antiga. Mas acho que soa mais coerente e mais difícil de ser rechaçada por aqueles mesmos argumentos de sempre.
Talvez esse grito nunca chegue a ecoar. Mais fica aí uma nova idéia. Comentem.
Na verdade as propostas das cotas são duas: promover a inclusão social e racial na universidade. Por isso a reserva para negros e índios.
Diante de tamanha resistência, algumas coerentes e outras risíveis e preconceituosas venho propor outro sistema. Cotas dentro das cotas. Bem, partindo do principio que 70% dos pobres são negros, nada mais justo do que 70% dos comtemplados pelas cotas sejam negros. Então, com 50% de cotas para estudantes carentes, teríamos no mínimo 35% de afro-descendentes. Mais 1% pros índigenas.
Na verdade não muda quase nada. O resultado final seria praticamente o mesmo da proposta antiga. Mas acho que soa mais coerente e mais difícil de ser rechaçada por aqueles mesmos argumentos de sempre.
Talvez esse grito nunca chegue a ecoar. Mais fica aí uma nova idéia. Comentem.
Restaurante popular beneficia moradores carentes da Grande Vitória
"Assistencialismo", "medidas paliativas", "populismo". Assim algumas pessoas costumam qualificar alguns projetos dos governos como bolsa-família, cotas nas universidades e restaurantes populares. Em parte tem razão, pois muitos desses não atacam as raízes dos problemas. Mas o que fazer? Esperarmos para daqui a duas, três ou quatro décadas possamos resolver as mazelas sociais do Brasil? Deixar o povo excluído e com fome porque temos que construir um país através de medidas mais sólidas? Claro que não. É preciso conciliar projetos de longo prazo com os de curto prazo.
Os restaurantes populares não resolvem a miséria do país, mas trazem benefícios reais e imediatos para as comunidades carentes. Logo que foi apresentado pela Prefeitura de Vitória, a Rede Gazeta questionou o projeto baseando-se em informações vazias e carentes de credibilidade apresentadas pelo sindicato dos comerciantes. Estes alegavam que o restaurante popular era "concorrência desleal". Mas que concorrência? O almoço a 1 real, subsidiado pelo governo, não foi criado para concorrer. É uma medida social. Se prejudica alguns poucos é para beneficiar uma grande maioria carente. O empresário tem que pensar em outras alternativas: tentar abaixar o preço, melhorar a qualidade, cativar o cliente.
E esse suposto prejuízo é questionável. Em alguns lugares, a criação desses restaurantes estimulou o surgimento de empreendimentos privados que serviam almoços a preço baixo. Isso porque existia uma demanda excedente devido ao número limitado de refeições servidas diariamente pelos restaurantes populares. Mas a mídia nunca olha pros lados.
Os restaurantes populares dão um grande alívio no orçamento das famílias necessitadas. Uma pesquisa apontou o perfil dos freqüentadores do restaurante localizado no centro de Vitória. Vejam e respondam: tem como negar que é um projeto que traz benefícios?
Os restaurantes populares não resolvem a miséria do país, mas trazem benefícios reais e imediatos para as comunidades carentes. Logo que foi apresentado pela Prefeitura de Vitória, a Rede Gazeta questionou o projeto baseando-se em informações vazias e carentes de credibilidade apresentadas pelo sindicato dos comerciantes. Estes alegavam que o restaurante popular era "concorrência desleal". Mas que concorrência? O almoço a 1 real, subsidiado pelo governo, não foi criado para concorrer. É uma medida social. Se prejudica alguns poucos é para beneficiar uma grande maioria carente. O empresário tem que pensar em outras alternativas: tentar abaixar o preço, melhorar a qualidade, cativar o cliente.
E esse suposto prejuízo é questionável. Em alguns lugares, a criação desses restaurantes estimulou o surgimento de empreendimentos privados que serviam almoços a preço baixo. Isso porque existia uma demanda excedente devido ao número limitado de refeições servidas diariamente pelos restaurantes populares. Mas a mídia nunca olha pros lados.
Os restaurantes populares dão um grande alívio no orçamento das famílias necessitadas. Uma pesquisa apontou o perfil dos freqüentadores do restaurante localizado no centro de Vitória. Vejam e respondam: tem como negar que é um projeto que traz benefícios?
9.4.06
Entre Gastos e Investimentos
O cosmonauta brasileiro, Marcos Pontes, desembarcou ontem, às 20h47m (horário de Brasília) no Cazaquistão após sua estada na Estação Especial Internacional (EEI). A jornada do primeiro brasileiro a ir ao espaço parece ter comovido a imprensa de forma tal que se tem a impressão de estarmos vivendo realmente um momento histórico dos mais relevantes no país.
Certamente é um momento histórico. O mérito do tenente-coronel Pontes não pode ser minimizado, uma vez que passou oito anos na Nasa, preparando-se e, o mais relevante, contribuindo para o desenvolvimento científico, o que não se resume a pairar em um ambiente sem gravidade. Mas por que a louvação a esse único e exclusivo fato que tanto tem empolgado a mídia?
Aos críticos simplistas quanto a ida do cosmonauta à EEI, bem caberia objetar que no Brasil não se trata ciência e educação de forma séria, uma vez que investimentos nessas áreas não trazem resultados imediatos, daí os ataques à viagem de Pontes. São os eternos descontentes, que também não vêem proveito algum na literatura, tanto mais na exploração do espaço. Ressalto desde já que não é o meu caso.Mas justamente o contrário.
Em 1997 o Brasil assinou um acordo no qual se comprometia a colaborar para o desenvolvimento da EEI, com a construção de seis equipamentos para a estação, e por meio dele o país teria o direito de utilização de uma cota das instalações internas ou externas da estação para realização de experimentos científicos nas áreas de biologia, ecologia, física e fluidos tecnológicos, com o desenvolvimento de materiais para a observação da Terra e meteorológicos.
A participação brasileira era a marca do único país em desenvolvimento no projeto. Para tanto seriam necessários investimentos, um montante de US$ 120 milhões, quantia consideravelmente maior que os US$ 10 milhões gastos na viagem de Marcos Pontes. A diferença é que a ida de Pontes é um gasto. O investimento na produção de tecnologia é isso mesmo, investimento.
O Brasil, como o leitor já deve suspeitar, não cumpriu o acordo. Em 2003, a Nasa propôs um novo contrato, que diminuía a participação do país. Pontes teve que partir de carona na Soyuz. Os russos vão investir os US$ 10 milhões pagos pelo Governo Brasileiro no desenvolvimento tecnológico e científico de seu país.
Certamente é um momento histórico. O mérito do tenente-coronel Pontes não pode ser minimizado, uma vez que passou oito anos na Nasa, preparando-se e, o mais relevante, contribuindo para o desenvolvimento científico, o que não se resume a pairar em um ambiente sem gravidade. Mas por que a louvação a esse único e exclusivo fato que tanto tem empolgado a mídia?
Aos críticos simplistas quanto a ida do cosmonauta à EEI, bem caberia objetar que no Brasil não se trata ciência e educação de forma séria, uma vez que investimentos nessas áreas não trazem resultados imediatos, daí os ataques à viagem de Pontes. São os eternos descontentes, que também não vêem proveito algum na literatura, tanto mais na exploração do espaço. Ressalto desde já que não é o meu caso.Mas justamente o contrário.
Em 1997 o Brasil assinou um acordo no qual se comprometia a colaborar para o desenvolvimento da EEI, com a construção de seis equipamentos para a estação, e por meio dele o país teria o direito de utilização de uma cota das instalações internas ou externas da estação para realização de experimentos científicos nas áreas de biologia, ecologia, física e fluidos tecnológicos, com o desenvolvimento de materiais para a observação da Terra e meteorológicos.
A participação brasileira era a marca do único país em desenvolvimento no projeto. Para tanto seriam necessários investimentos, um montante de US$ 120 milhões, quantia consideravelmente maior que os US$ 10 milhões gastos na viagem de Marcos Pontes. A diferença é que a ida de Pontes é um gasto. O investimento na produção de tecnologia é isso mesmo, investimento.
O Brasil, como o leitor já deve suspeitar, não cumpriu o acordo. Em 2003, a Nasa propôs um novo contrato, que diminuía a participação do país. Pontes teve que partir de carona na Soyuz. Os russos vão investir os US$ 10 milhões pagos pelo Governo Brasileiro no desenvolvimento tecnológico e científico de seu país.
8.4.06
A solução é alugar o Brasil! (introdução)
Não, não estou falando da famosa música de Raul Seixas regravada pelos Titãs.
Sinto que estamos realmente alugando nosso país. Vejam o caso de empresas de celulose como a Aracruz Celulose, Stora Enzo e Veracel.
Vou me ater ao caso da Aracruz, que acompanho mais de perto. Trata-se de uma empresa multinacional. Os maiores acionistas são os conglomerados Lorentzen, Safra e Votorantim (28% cada) e o BNDES (12,5%). Conclui-se que parte do lucro anual de 1 bilhão de reias volte para o exterior. Normal.
Esse lucro de R$ 1 bi gera aproximadamente 2 mil empregos fixos e 7 mil terceirizados em suas fábricas no ES e no RS. Os benefícios pra cidade de Aracruz são óbvios: vário empregos, muitos impostos, assistência social aos funcionários, etc.. Mas não podemos esquecer que os índios também habitam a cidade, aliás muito antes da empresa e muitos moradores chegarem. E o projeto da Aracruz Celulose para as comunidades indígenas é claro: transformá-los em pequenos agricultores dependentes da empresa.
(continua...)
Sinto que estamos realmente alugando nosso país. Vejam o caso de empresas de celulose como a Aracruz Celulose, Stora Enzo e Veracel.
Vou me ater ao caso da Aracruz, que acompanho mais de perto. Trata-se de uma empresa multinacional. Os maiores acionistas são os conglomerados Lorentzen, Safra e Votorantim (28% cada) e o BNDES (12,5%). Conclui-se que parte do lucro anual de 1 bilhão de reias volte para o exterior. Normal.
Esse lucro de R$ 1 bi gera aproximadamente 2 mil empregos fixos e 7 mil terceirizados em suas fábricas no ES e no RS. Os benefícios pra cidade de Aracruz são óbvios: vário empregos, muitos impostos, assistência social aos funcionários, etc.. Mas não podemos esquecer que os índios também habitam a cidade, aliás muito antes da empresa e muitos moradores chegarem. E o projeto da Aracruz Celulose para as comunidades indígenas é claro: transformá-los em pequenos agricultores dependentes da empresa.
(continua...)
A solução é alugar o Brasil! (continuação)
Porém, a produtora de celulose não ocupa apenas a cidade que lhe dá nome. São 252 mil hectares de eucalipto plantados entre Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Ao grito dos índios junta-se o dos quilombolas do norte do ES, que também reivindicam territórios de ocupação histórica que hoje está em posse da empresa.
O eucalipto é uma árvore que necessita de muita água para sobreviver. Muitos ambientalistas alegam que as plantações em larga escala prejudicam o solo e seca rios nas proximidades. De qualquer forma a monocultura por si só já é danosa à terra. Militantes de vários estados reclamam que forma-se um extenso deserto verde ao longo desses locais. Ali, nada cresce, nada dá. Só o imponente eucalipto sobrevive. Muitos agricultores saem de suas terras e vêm para as cidades já escassas de estrutura e oportunidades. Outros querem plantar mas não tem terra. Aí os mesmos que defendem os latifúndios vêm reclamar de marginalidade e violência e dos “criminosos” movimentos sociais... Pois é.
Contudo, o pior ainda está por vir... Esses milhares de hectares plantados servem para quê? Pra abastecer o país? Claro que não. NOVENTA E OITO POR CENTO (98%!!!) são exportadas pra sustentar o consumo dos países desenvolvidos, que obviamente não querem plantar eucaliptos. Então plantamos aqui. Tenho a impressão que estamos alugando o território do Brasil para os gringos.
O eucalipto é uma árvore que necessita de muita água para sobreviver. Muitos ambientalistas alegam que as plantações em larga escala prejudicam o solo e seca rios nas proximidades. De qualquer forma a monocultura por si só já é danosa à terra. Militantes de vários estados reclamam que forma-se um extenso deserto verde ao longo desses locais. Ali, nada cresce, nada dá. Só o imponente eucalipto sobrevive. Muitos agricultores saem de suas terras e vêm para as cidades já escassas de estrutura e oportunidades. Outros querem plantar mas não tem terra. Aí os mesmos que defendem os latifúndios vêm reclamar de marginalidade e violência e dos “criminosos” movimentos sociais... Pois é.
Contudo, o pior ainda está por vir... Esses milhares de hectares plantados servem para quê? Pra abastecer o país? Claro que não. NOVENTA E OITO POR CENTO (98%!!!) são exportadas pra sustentar o consumo dos países desenvolvidos, que obviamente não querem plantar eucaliptos. Então plantamos aqui. Tenho a impressão que estamos alugando o território do Brasil para os gringos.
Pergunto que progresso é esse que muitos dizem que a empresa gera? Progresso é uma questão de concepção. Na minha opinião, algo que esmaga os povos nativos, prejudica o meio-ambiente e concentra a riqueza nas mãos de poucos está mais pra retrocesso. Mas o progresso dos colonizadores nunca ligou pra nada disso. Como dizia a música: “ser racional é ter um ego enorme/progresso significa tecnologia”. Tem gente que pensa que dinheiro vale mais do que as pessoas e a natureza. Temos que aceitar, afinal, é a democracia, né?
7.4.06
Para nos inspirarmos neste momento
Agora que se levantou o debate sobre ações afirmativas na UFES, me lembrei de uma bela música Morro Velho de Milton Nascimento
Morro velho
Milton Nascimento
No sertão da minha terra, fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada
Filho do branco e do preto, correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada, contra histórias prá moçada
Filho do senhor vai embora, tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar, some longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outro, trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor, e agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada, já não brinca mais, trabalha
Morro velho
Milton Nascimento
No sertão da minha terra, fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada
Filho do branco e do preto, correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada, contra histórias prá moçada
Filho do senhor vai embora, tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar, some longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outro, trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor, e agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada, já não brinca mais, trabalha
As cotas e a educação
O trio elétrico era bem menor que os das micaretas que a maioria daqueles estudantes costuma freqüentar. E não havia nenhum artista baiano e nem as bobagens de duplo sentido do axé music. Naquele dia eram os pré-vestibulandos de cursinhos privados que estavam sobre o caminhão de som que chegara tardiamente para rivalizar com o trio dos manifestantes pró-cotas (já há duas horas na universidade). Mas as palavras de uma jovem me torturaram mais do que qualquer “mujéjé” ou “lêlêlê”:
- Não estamos aqui pra discutir educação, e sim pra discutir cotas!
A estudante de escola particular certamente não fazia idéia do tamanho da asneira que acabara de pronunciar. Como debater cotas sem falar em educação???
A fala da adolescente serve pra ilustrar um pouco do grau de alienação e hipocrisia (pra não falar em racismo) de parte -não eram todos- dos estudantes que se manifestaram contra a proposta de cotas na Ufes nesse dia 5 de abril.
Falavam em igualdade dentro de uma universidade em que cursos como medicina e direito são formados quase que exclusivamente por alunos brancos de classe média. E discursavam sobre a necessidade de se investir no ensino de base sem nunca terem movido uma palha pra melhorar o ensino público. Só agem quando o status quo é ameaçado, só lutam pelo público quando ameaça seus interesses privados.
Me lembrei do professor Morelatto, adorado por estudantes dos cursinhos da Grande Vitória. Quando diz em suas aulas seu bordão: “Hipócritas!” talvez se refira a boa parte de seus próprios alunos...
- Não estamos aqui pra discutir educação, e sim pra discutir cotas!
A estudante de escola particular certamente não fazia idéia do tamanho da asneira que acabara de pronunciar. Como debater cotas sem falar em educação???
A fala da adolescente serve pra ilustrar um pouco do grau de alienação e hipocrisia (pra não falar em racismo) de parte -não eram todos- dos estudantes que se manifestaram contra a proposta de cotas na Ufes nesse dia 5 de abril.
Falavam em igualdade dentro de uma universidade em que cursos como medicina e direito são formados quase que exclusivamente por alunos brancos de classe média. E discursavam sobre a necessidade de se investir no ensino de base sem nunca terem movido uma palha pra melhorar o ensino público. Só agem quando o status quo é ameaçado, só lutam pelo público quando ameaça seus interesses privados.
Me lembrei do professor Morelatto, adorado por estudantes dos cursinhos da Grande Vitória. Quando diz em suas aulas seu bordão: “Hipócritas!” talvez se refira a boa parte de seus próprios alunos...
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As cotas e a universidade
De um lado alunos de escola particulares pegos de surpresa com a possibilidade de implantação de cotas para negros, índios e estudantes de escolas públicas ainda para o vestibular do fim desse ano. De outro membros do movimento negro, de colégios públicos e militantes do movimento estudantil da Ufes, cansados de uma universidade homogênea numa sociedade tão heterogênea. No resto do campus, alheia a essa disputa, estava a maioria dos estudantes da própria entidade de ensino superior.
O clima de guerra travado na Ufes nessa quarta-feira mostra que antes de tudo é preciso discutir e deixar claro qual o papel da Universidade.
Recebi um e-mail que dizia que não temos uma universidade pública e sim estatal. Perfeitamente. Temos que corrigir isso e não podemos esperar que venha uma sucessão de bons governos pra melhorar o péssimo estado do ensino publico no ensino fundamental e médio. Cotas já!
Se a universidade é pública e paga por todos os cidadãos deve estar acessível a todos em condição de igualdade. Deve representar a pluralidade social, cultural, étinica da população. Tem a obrigação de servir a sociedade. Não simplesmente formar mão-de-obra qualificada para ser utilizada por empresas multinacionais. Deve formar os cidadãos que contribuirão para ajudar na construção de um país melhor. E tem que dar retorno imediato, atender às demandas sociais através de seus debates e projetos de pesquisa e de extensão. Pronto. Aí está a diferença entre públicas e privadas. E a burocracia? Ah, claro. É um mal necessário. Afinal não é possível que duas instituições com objetivos tão distintos funcionem da mesma forma. As particulares são negócios, visam ao lucro. As federais são serviço público, envolvem dinheiro público.
Certamente muitos dos estudantes das particulares e da própria Ufes enxergam a universidade apenas como um trampolim para o mercado de trabalho. Se o nível do ensino piorar logo cairão fora do barco pra estudar em uma faculdade privada. Mas muitos não têm nenhuma dessas opções. Nem de estudar na federal porque não conseguem competir com as máquinas de aprovação chamadas cursinhos pré-vestibular. Nem de cursar uma particular pois não possuem condições financeiras pra arcar com as mensalidades caríssimas.
A universidade pode e deve ser um instrumento de inclusão social.
São alguns pontos importantes antes de iniciar qualquer discussão sobre cotas.
O clima de guerra travado na Ufes nessa quarta-feira mostra que antes de tudo é preciso discutir e deixar claro qual o papel da Universidade.
Recebi um e-mail que dizia que não temos uma universidade pública e sim estatal. Perfeitamente. Temos que corrigir isso e não podemos esperar que venha uma sucessão de bons governos pra melhorar o péssimo estado do ensino publico no ensino fundamental e médio. Cotas já!
Se a universidade é pública e paga por todos os cidadãos deve estar acessível a todos em condição de igualdade. Deve representar a pluralidade social, cultural, étinica da população. Tem a obrigação de servir a sociedade. Não simplesmente formar mão-de-obra qualificada para ser utilizada por empresas multinacionais. Deve formar os cidadãos que contribuirão para ajudar na construção de um país melhor. E tem que dar retorno imediato, atender às demandas sociais através de seus debates e projetos de pesquisa e de extensão. Pronto. Aí está a diferença entre públicas e privadas. E a burocracia? Ah, claro. É um mal necessário. Afinal não é possível que duas instituições com objetivos tão distintos funcionem da mesma forma. As particulares são negócios, visam ao lucro. As federais são serviço público, envolvem dinheiro público.
Certamente muitos dos estudantes das particulares e da própria Ufes enxergam a universidade apenas como um trampolim para o mercado de trabalho. Se o nível do ensino piorar logo cairão fora do barco pra estudar em uma faculdade privada. Mas muitos não têm nenhuma dessas opções. Nem de estudar na federal porque não conseguem competir com as máquinas de aprovação chamadas cursinhos pré-vestibular. Nem de cursar uma particular pois não possuem condições financeiras pra arcar com as mensalidades caríssimas.
A universidade pode e deve ser um instrumento de inclusão social.
São alguns pontos importantes antes de iniciar qualquer discussão sobre cotas.
As cotas e a contradição social
Divaguei um pouco sobre o futuro da universidade com as cotas. Me entusiasmei como há muito não acontecia. Vislumbrei uma evolução extremamente positiva e não a suposta queda da qualidade como alguns argumentam. Pena que dificilmente ainda estarei na Ufes quando essa revolução que imaginei estiver vigorando.
A contradição social hoje está nos muros da universidade. Eles separam a elite econômica predominante nos centros de excelência de uma maioria marginalizada que passa longe do ensino superior. As cotas trariam tal contradição pra dentro da universidade. O que isso geraria? Segregação? Racismo? É possível que sim, mas os estudantes teriam de aprender a conviver uns com os outros. Querendo ou não, com ou sem cotas, lá dentro são todos iguais.
Mas só alguém muito tolo não percebe os benefícios da diferença, ou melhor da pluralidade. Certamente os debates se enriqueceriam de uma maneira incomensurável. Não seria mais necessário que o Fantástico transmitisse o documentário “Falcões” para que os universitários percebessem a desigualdade, ela estaria na própria sala de aula. Desigualdade social e não intelectual, pois as experiências de cotas pelo Brasil demonstram que os cotistas têm obtido ótimas notas.
Para alguns estudantes endinheirados a universidade pública não tem tanto valor pois eles podem ter acesso às particulares. Mas para aqueles que têm a pública como única possibilidade só resta lutar para manter a qualidade do ensino e evitar a privatização do ensino superior gratuito e a decretação oficial do apartheid social brasileiro. Para quem duvida da minha tese basta observar o nível de politização de estudantes de Pedagogia (boa parte vinda de escola pública) com o de estudantes de Direito (eminentemente vindos dos melhores colégio privados) na Ufes. E olha que falamos de dois cursos da mesma área, Humanas.
Então, sonhei com uma universidade mais plural, com mais pontos de vistas, mais debates, mais cultura, mais mobilizações, mais luta, mais força. Uma universidade mais universidade!
Talvez eu tenha sido um pouco (ou bastante) sonhador, idealista e até maniqueísta. Peço desculpas por esta última. Mas se um dia a universidade não for mais espaço para sonhar nem idealizar não faz mais sentido existir. Seria preciso repensarmos a humanidade, pois teríamos virado robôs.
A contradição social hoje está nos muros da universidade. Eles separam a elite econômica predominante nos centros de excelência de uma maioria marginalizada que passa longe do ensino superior. As cotas trariam tal contradição pra dentro da universidade. O que isso geraria? Segregação? Racismo? É possível que sim, mas os estudantes teriam de aprender a conviver uns com os outros. Querendo ou não, com ou sem cotas, lá dentro são todos iguais.
Mas só alguém muito tolo não percebe os benefícios da diferença, ou melhor da pluralidade. Certamente os debates se enriqueceriam de uma maneira incomensurável. Não seria mais necessário que o Fantástico transmitisse o documentário “Falcões” para que os universitários percebessem a desigualdade, ela estaria na própria sala de aula. Desigualdade social e não intelectual, pois as experiências de cotas pelo Brasil demonstram que os cotistas têm obtido ótimas notas.
Para alguns estudantes endinheirados a universidade pública não tem tanto valor pois eles podem ter acesso às particulares. Mas para aqueles que têm a pública como única possibilidade só resta lutar para manter a qualidade do ensino e evitar a privatização do ensino superior gratuito e a decretação oficial do apartheid social brasileiro. Para quem duvida da minha tese basta observar o nível de politização de estudantes de Pedagogia (boa parte vinda de escola pública) com o de estudantes de Direito (eminentemente vindos dos melhores colégio privados) na Ufes. E olha que falamos de dois cursos da mesma área, Humanas.
Então, sonhei com uma universidade mais plural, com mais pontos de vistas, mais debates, mais cultura, mais mobilizações, mais luta, mais força. Uma universidade mais universidade!
Talvez eu tenha sido um pouco (ou bastante) sonhador, idealista e até maniqueísta. Peço desculpas por esta última. Mas se um dia a universidade não for mais espaço para sonhar nem idealizar não faz mais sentido existir. Seria preciso repensarmos a humanidade, pois teríamos virado robôs.
1.4.06
Você. Vítima ou Cúmplice?
Sempre me perguntei se o país que temos é o que merecemos e sempre chegava a uma conclusão um tanto ambígua; se o país é feito por uma massa (peço desculpas pelo “frankfurtionismo” utilizado, mas não encontro agora outra palavra) de pessoas que transportam sua falta de ética e zelo pelo bem público para as esferas do poder político elegendo corruptos natos, seria bem verdade a nossa mea culpa.
Mas se essa massa se quer sabe o que é bem público (e muito menos mea culpa, que na verdade nem eu sei se escreve assim mesmo), em que medida poderia ser cúmplice das mazelas eleitoreiras e do jogo de poder, a que se resume a política brasileira?
Será que a educação deficitária justifica falta de ética? Os bem-nascidos também a disputam (a falta de ética, não a boa educação), vide que muitos deles estão estrelando CPIs há décadas. E muitos cidadãos comuns, medianos, ou melhor, classe média, também não primam lá muito por “fazer as coisas muito certinhas”. Bem, isso dá para perceber em qualquer conversa por aí, com os outros. Ou será conosco mesmo?
São muitas perguntas, acho que nunca as soube responder satisfatoriamente. Para além de meus pensamentos furados, o Ibope fez uma pesquisa, “Corrupção na Política: Eleitor Vítima ou Cúmplice", que tem uns resultados interessantes quanto à opinião do eleitor sobre as ações dos políticos: 59% dos entrevistados aceita a escolha de familiares ou pessoas conhecidas para cargos de confiança e 43% admitem que se aproveitem viagens oficiais para lazer próprio e de familiar.
Quanto a si mesmos, os entrevistados também listaram os delitos de maior incidência: “comprar cd pirata” (55%) e "caixinha ou gorjeta para se livrar de multa" (14%). A pesquisa utilizou um questionário com treze atitudes ilegais ou politicamente incorretas que o cidadão brasileiro cometeu ou cometeria. Faça você também o “teste”: www.ibope.com.br.
Mas se essa massa se quer sabe o que é bem público (e muito menos mea culpa, que na verdade nem eu sei se escreve assim mesmo), em que medida poderia ser cúmplice das mazelas eleitoreiras e do jogo de poder, a que se resume a política brasileira?
Será que a educação deficitária justifica falta de ética? Os bem-nascidos também a disputam (a falta de ética, não a boa educação), vide que muitos deles estão estrelando CPIs há décadas. E muitos cidadãos comuns, medianos, ou melhor, classe média, também não primam lá muito por “fazer as coisas muito certinhas”. Bem, isso dá para perceber em qualquer conversa por aí, com os outros. Ou será conosco mesmo?
São muitas perguntas, acho que nunca as soube responder satisfatoriamente. Para além de meus pensamentos furados, o Ibope fez uma pesquisa, “Corrupção na Política: Eleitor Vítima ou Cúmplice", que tem uns resultados interessantes quanto à opinião do eleitor sobre as ações dos políticos: 59% dos entrevistados aceita a escolha de familiares ou pessoas conhecidas para cargos de confiança e 43% admitem que se aproveitem viagens oficiais para lazer próprio e de familiar.
Quanto a si mesmos, os entrevistados também listaram os delitos de maior incidência: “comprar cd pirata” (55%) e "caixinha ou gorjeta para se livrar de multa" (14%). A pesquisa utilizou um questionário com treze atitudes ilegais ou politicamente incorretas que o cidadão brasileiro cometeu ou cometeria. Faça você também o “teste”: www.ibope.com.br.